domingo, 27 de julho de 2008
quinta-feira, 24 de julho de 2008
"Autopsicografia" e "Isto"
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
ISTO
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
ISTO
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
Fernando Pessoa
segunda-feira, 21 de julho de 2008
A Lua é a minha luz
Um parêntese: Parece que poderemos ver duas luas no dia 27 da Agosto.
"O planeta Marte será o mais brilhante no céu nocturno a partir de Agosto.
Ele poderá ser observado a olho nu, tão grande quanto uma lua cheia, especialmente no dia 27, quando vai estar mais próximo da Terra.
Não deixes de observar o céu na noite de 27 de Agosto, às 00h30.
A próxima vez que Marte vai aparecer assim será em 2287."
Bem, nesse ano ainda por cá ando por isso... deixa-me aproveitar esse minuto do dia 27 para olhar a cara feliz e duplamente iluminada das pessoas ;)
"O planeta Marte será o mais brilhante no céu nocturno a partir de Agosto.
Ele poderá ser observado a olho nu, tão grande quanto uma lua cheia, especialmente no dia 27, quando vai estar mais próximo da Terra.
Não deixes de observar o céu na noite de 27 de Agosto, às 00h30.
A próxima vez que Marte vai aparecer assim será em 2287."
Bem, nesse ano ainda por cá ando por isso... deixa-me aproveitar esse minuto do dia 27 para olhar a cara feliz e duplamente iluminada das pessoas ;)
sábado, 19 de julho de 2008
Fuck!!!
Fucking great!
The Big Lebowski dos irmãos Coen é retorcido e diabolicamente divertido, é sem duvida uma historia bem contada e uma lição para quem não o leva com calma como o 'Dude'...
Fuck, lets play bowling!
domingo, 13 de julho de 2008
Desconhecidos
...desconhecidos a tentar deixar de o ser...
Numa praça qualquer da cidade, vivemos mais sós, podemos levar conhecidos, trazer uma vontade de conhecer a todos, ficar e arriscar uma conversa...
Numa praça qualquer da minha aldeia, todos se juntam ao pelourinho, toda a gente se conhece, sabem os teus segredos e verdades, todos te falam e ninguém se preocupa realmente...
Eu cá prefiro o anonimato das cidades grandes e o interesse desinteressado se for possível ;)
Numa praça qualquer da minha aldeia, todos se juntam ao pelourinho, toda a gente se conhece, sabem os teus segredos e verdades, todos te falam e ninguém se preocupa realmente...
Eu cá prefiro o anonimato das cidades grandes e o interesse desinteressado se for possível ;)
domingo, 6 de julho de 2008
Aluga-se
6
Alugam-se quartos
individuais e sós,
pequenos como nós.
Como recipiente vazio
estou por alugar,
quem me irá ocupar?
5
Alugam-se ideias,
quero partilhar.
Fantasias por viver,
emoções a sentir,
cores que te darei a conhecer.
4
Alugam-se sonhos,
dos que queres rebobinar.
Vem percorre-los comigo
sem vontade de acordar.
3
Alugam-se vidas,
se quiseres, a minha
morre por te esperar.
2
Alugo-me a ti
de forma permanente.
1
Aluga-me!
0
terça-feira, 1 de julho de 2008
Reflexo
Saíu à rua e em superfícies espelhadas via o que procurava.
Num espelho, num vidro de uma janela ou de um quadro, num plano em inóx de uma fachada ou numa pedra polida, num pano de água, num charco de chuva nocturna, nos teus olhos via-se.
Em superfícies planas, curvas, côncavas ou convéxas, via silhuetas simétricas, distorcidas, inclinadas, de pernas para o ar, via no rio uma cidade de pernas para o ar à qual queria pertencer.
Que não fossem reflexos de luzes nem sombras, que fosse palpável e não semelhante desconhecido.
Saíu e levava um espelho no bolso direito, pronto a sacar num momento de tristeza. Jogava, via, reflectia, brincava com luz e provocava sombras.
Queria uma cidade onde o telhado fosse a base, os objectos contrariassem a força da gravidade, onde um repucho seria reinterpretado, onde descobres contornos, fragmentos de vidas e cidade, onde o azul é outro, o azulejo e as proporções são novas.
A aparente harmonia, reflectida é a verdadeira harmonia para si.
Preferia ver a sua janela reflectada no rio que ver o próprio rio desde a janela onde elegeu espreitar.
Descobriu os reflexos e reflectui sobre a subjectividade do belo e do que conhecia até aí… redescobriu uma cidade e a vontade de estar nela.
Procuro esse reflexo… por todas as cidades.
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